Principais destaques financeiros e operacionais da Eletrobras no 1T25
A receita operacional líquida regulatória permaneceu praticamente estável em R$ 9,7 bilhões, com aumento de quase 10% no preço médio da energia gerada, mas compensado pela queda relevante na RAP após a revisão tarifária de 2024.
O EBITDA regulatório ajustado somou R$ 5,4 bilhões, recuando 4,1% em relação ao 1T24, influenciado pela queda nas receitas de transmissão e maiores custos com energia comprada para revenda.
O lucro líquido ajustado societário foi negativo em R$ 81 milhões, impactado principalmente pela reversão de R$ 952 milhões referente à Chesf após revisão de contratos de transmissão.
os investimentos totalizaram R$ 912 milhões, queda de 25% frente ao 1T24, refletindo a conclusão de projetos como o Parque Eólico Coxilha Negra.
O fluxo de caixa operacional cresceu 80,9%, atingindo R$ 6 bilhões, impulsionado pela regularização de recebíveis da Amazonas Energia.
A dívida bruta encerrou o trimestre em R$ 70,9 bilhões, com composição diversificada e operações de hedge para mitigar riscos cambiais.
A capacidade instalada subiu levemente para 44,4 GW, mantendo a Eletrobras como líder no setor elétrico nacional, com 97% de matriz renovável.
Houve corte de 8% no PMSO ajustado, redução de provisões e ganhos em custos, principalmente com pessoal e serviços.
A energia vendida no mercado livre (ACL) avançou 67,9%, mostrando maior exposição ao ambiente competitivo e preços mais elevados.
Principais pressões e desafios enfrentados pela Eletrobras
Os custos com energia comprada para revenda aumentaram 111,6%, devido à maior liquidação no mercado de curto prazo e preços mais altos, além do aumento de custos de combustível e encargos de rede, pressionando as margens.
A receita de transmissão caiu R$ 687 milhões em relação ao ano anterior, impactada pela redução da RAP, com destaque negativo para a Chesf.
O resultado societário negativo reflete o prejuízo líquido ajustado, influenciado por fatores regulatórios e reversões contábeis não recorrentes.
Houve redução relevante das provisões, especialmente pela queda na inadimplência da Amazonas Energia, de R$ 432 milhões (1T24) para R$ 56 milhões (1T25), aliviando pressões sobre o resultado operacional.
A venda parcial de ativos não estratégicos, como térmicas para o grupo J&F, reforçou o foco em renováveis e a otimização do portfólio.
Apesar do controle sobre a dívida líquida, o endividamento bruto permanece elevado, exigindo disciplina financeira e atenção à alocação de capital.
Contexto setorial e estratégias para o setor elétrico
o ambiente regulatório é o principal vetor de risco para a Eletrobras, com impactos diretos nas receitas de transmissão e possibilidades de novos ajustes tarifários e normativos.
projetos de modernização da rede de transmissão, expansão de fontes renováveis e digitalização dos ativos são caminhos prioritários para crescimento e diferenciação.
a maior exposição ao mercado livre de energia aumenta a volatilidade das receitas, porém oferece oportunidades em cenários de preços favoráveis.
Perspectivas da Eletrobras e desafios futuros
a Eletrobras segue como referência em geração e transmissão, com portfólio diversificado e matriz predominantemente limpa.
o foco em eficiência operacional, inovação e gestão de custos será decisivo para enfrentar pressões regulatórias e macroeconômicas.
a necessidade de investimentos contínuos para expansão e modernização da infraestrutura, junto ao endividamento elevado, exige disciplina financeira.
o desempenho dos próximos trimestres dependerá da recuperação de receitas de transmissão, controle de custos e aproveitamento de oportunidades no mercado livre.
Resumo fundamentalista da Eletrobras
A empresa apresenta margens operacionais elevadas, geração de caixa robusta e liquidez confortável, mas enfrenta desafios de curto prazo ligados à revisão tarifária, custos crescentes e necessidade de novos investimentos.
O portfólio diversificado, a escala nacional e os ganhos em eficiência sustentam a competitividade, enquanto o ambiente regulatório e a gestão do endividamento são fatores críticos para resultados sustentáveis a longo prazo.
Glossário simplificado para investidores
EBITDA: indicador que mostra a geração de caixa operacional, antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
RAP: receita anual permitida, valor autorizado pela agência reguladora para remunerar os serviços de transmissão.
PMSO: despesas com pessoal, material, serviços e outros custos operacionais.
ACL/ACR: mercados livre e regulado de energia, respectivamente.
liquidez corrente: capacidade da empresa de honrar compromissos de curto prazo.
endividamento líquido: diferença entre a dívida bruta e o caixa disponível.