MERCADOS PROCESSAM A SUPER QUARTA E AGUARDAM ANÚNCIO DE TRUMP
Após a intensa “Super Quarta” que trouxe as decisões da política monetária nos Estados Unidos e no Brasil, a quinta-feira amanhece com a expectativa voltada para um anúncio do Presidente Trump. O cenário global segue sob a influência das negociações comerciais e da postura dos bancos centrais, com o Banco da Inglaterra (BoE) na pauta do dia definindo agora pela manhã sua política monetária e uma temporada de balanços fervilhando no Brasil.
FED: PAZ COM POWELL, JUROS SEGUROS
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) manteve, como previsto, a taxa de juros no intervalo de 4,25% a 4,50%. O Presidente Jerome Powell, apesar das críticas de Trump, mostrou firmeza em sua coletiva de imprensa, reiterando a necessidade de ter “paciência” e esperar por mais dados antes de qualquer ajuste nas taxas. O comunicado do Fed reconheceu o aumento da incerteza sobre as perspectivas econômicas, ligada, em parte, aos impactos da política tarifária de Trump. Powell se mostrou otimista para o segundo trimestre da economia americana e minimizou a pressão inflacionária vinda do mercado de trabalho, mas reforçou a necessidade de monitorar os riscos de aumento de desemprego e inflação devido à incerteza protecionista. O mercado manteve julho como o mês mais provável para o primeiro corte, apostando em uma redução total de 75 a 100 pontos-base até o fim do ano.
COPOM: SELIC EM 14,75% COM PORTA ABERTA PARA MAIS
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 50 pontos-base, para 14,75%. No entanto, o comunicado do Banco Central adotou um tom conservador e cauteloso, destacando a “elevada incerteza” no cenário, especialmente relacionada à política comercial dos EUA e à política fiscal no Brasil. O BC não renovou o “forward guidance” (sinalização de passos futuros) e mencionou “cautela adicional” e “flexibilidade” para a próxima reunião, deixando em aberto a possibilidade de estender o ciclo de aperto monetário caso as condições exijam. A decisão considerou expectativas de inflação desancoradas, projeções elevadas e pressões persistentes na atividade e no mercado de trabalho, indicando a necessidade de uma política monetária “significativamente contracionista por período prolongado”.
BOE NA MIRA: CORTE À VISTA?
Ainda na pauta dos bancos centrais, o Banco da Inglaterra (BoE) anuncia sua decisão sobre sua política monetária hoje, às 8h. A expectativa é de um corte de 25 pontos-base, levando a taxa a 4,25%. A decisão é influenciada pelas incertezas tarifárias, especialmente no contexto de um possível acordo comercial com os EUA, e pelo crescimento fraco do Reino Unido. O mercado precifica este corte e espera um total de 100 pontos-base de redução nos próximos 12 meses.
O FOCO DE HOJE: O PRIMEIRO ACORDO COMERCIAL DE TRUMP
Donald Trump prometeu para hoje, às 11h (horário de Brasília), o anúncio do primeiro acordo comercial fechado pelos EUA em sua gestão. Em sua rede social, ele celebrou um “GRANDE ACORDO COMERCIAL COM REPRESENTANTES DE UM PAÍS GRANDE E ALTAMENTE RESPEITADO”. Embora o país não tenha sido revelado, a especulação recai sobre o Reino Unido, que tem mantido negociações intensas com Washington. Este acordo é aguardado pelo mercado como uma referência da política tarifária americana daqui para frente.
MERCADOS APÓS AS DECISÕES: DÓLAR FORTE E BOLSAS MISTAS
Após as decisões dos bancos centrais, o dólar ganhou força globalmente, com o índice DXY subindo, refletindo a postura paciente do Fed. No Brasil, a moeda americana também se valorizou, fechando a R$ 5,7454, completando a terceira alta seguida, influenciada pelo Fed e pela esperança de progresso nas negociações EUA-China. A curva de juros brasileira reagiu ao comunicado do Copom e à produção industrial acima do esperado (+1,2% em março), com os vencimentos mais curtos subindo e os mais longos seguindo a queda dos Treasuries americanos.
AGENDA DO DIA E RESULTADOS NO HOLOFOTE
A temporada de balanços esquenta. Antes da abertura, a Ambev divulga seus números. Após o fechamento, o mercado aguarda os resultados de gigantes como Itaú Unibanco, B3, CSN, Magazine Luiza, Assaí e Suzano, entre outros. Ontem, após o pregão, o Bradesco reportou lucro que superou estimativas, levando seu ADR (recibo de ação negociado nos EUA) a subir no after-hours, recuperando parte da queda do dia.
TEMPORADA DE BALANÇOS: QUEM SURPREENDEU?
Várias empresas divulgaram resultados após o fechamento de ontem. Minerva reverteu prejuízo, Rede D’Or teve forte crescimento, Ultrapar e Engie apresentaram números mistos (ajustados vs IFRS), Vivara saltou o lucro e anunciou recompra de ações. Movida atingiu recorde de Ebitda, enquanto Aeris reportou prejuízo maior. Outras empresas como Azzas, C&A, Guararapes, Lojas Quero-Quero, Taesa, Auren e Iochpe-Maxion também divulgaram seus números. Além disso, a BlackRock aumentou participação em Natura &Co e Itaúsa. A PRIO indicou que agências de rating avaliam um upgrade após a compra de Peregrino.
O dia promete volatilidade, com o anúncio de Trump no centro das atenções e a continuação da temporada de balanços ditando o ritmo dos mercados.
O Canal Auxiliando usa as seguintes fontes de notícias: “Monitor do Mercado, BTG, BDM, Broadcast, Valor Econômico, Folha de São Paulo, Estadão, O Globo, BM&C, B3, Revista Oeste, Poder 360, Money Times, Agência CMA, Agência Brasil, Bloomberg, CNN, The Washington Post, The Wall Street Journal, Fox Business, Reuters, Oil Price, Investing e Yahoo Finance”.