Vocês sabem que eu comento bastante o tema “Performance Relativa”, isso faz parte da minha visão de mercado e aprendi, muitas vezes na dor, que é importante respeitá-la.
Afinal, o que é essa tal de “Performance Relativa”?
Ela trata de como um ativo está performando frente aos seus pares, frente ao índice, risco e correlações.
Ou seja, mesmo que o mercado como um todo esteja caindo, existe valor em observar quem cai menos — ou quem sobe mais quando tudo sobe.
É aí que entra o momentum.
O momentum pode ser dividido em dois pontos: absoluto e relativo.
O momentum absoluto mostra se o ativo está subindo ou caindo isoladamente.
Já o momentum relativo compara o desempenho do ativo com o restante do mercado e risco (ou um índice de referência, como o IBOV).
Imagine o seguinte cenário:
O mercado entra em correção:
O IBOV cai -8% em duas semanas.
Ativo X (um papel que vinha subindo forte) corrige também:
Cai -3% no mesmo período.
Interpretação:
Momentum absoluto de curto prazo: Negativo
O ativo está caindo, logo perdeu força absoluta no curtíssimo prazo.
Momentum absoluto de médio/longo prazo: Ainda positivo
Mesmo com a queda recente, o ativo sobe +25% desde o início do ano — ou seja, a tendência principal ainda é de alta.
Momentum relativo: Positivo
Apesar da queda, o ativo está se saindo muito melhor que o mercado, que caiu quase 3x mais.
Ativos com boa performance relativa tendem a atrair mais atenção, mais fluxo e mais apetite ao risco.
O mercado, em muitos momentos, premia quem está entregando resultado. Por isso, respeitar a força de um ativo em relação ao restante do mercado é fundamental.
Esse é um típico caso onde:
O momentum absoluto de curto prazo virou negativo (o ativo caiu),
O momentum absoluto de médio/longo prazo continua saudável (acima da média),
E o momentum relativo permanece positivo (melhor desempenho que o mercado mesmo em correção).
Em momentos assim, ativos como esse merecem atenção. Eles mostram resiliência e têm maior probabilidade de liderar em uma retomada.
E por fim, o fluxo.
É ele que valida a tese. Sem fluxo, a performance não se sustenta.
Um ativo pode parecer forte tecnicamente, mas sem dinheiro entrando, sem volume, sem interesse — não vai longe. E, mais importante, precisa de Momentum.
Por isso, eu costumo olhar para esse tripé: Performance Relativa + Momentum + Fluxo.
Vamos para um exemplo do IBOV e diversos ativos:

O gráfico está dividido em 4 janelas, separadas pelas linhas vermelhas. Cada uma representa um momento distinto do mercado:
Os ativos estão filtrados da seguinte forma: Momentum Relativo e Absoluta na primeira janela – Momentum absoluto na segunda janela – Momentum Positivo e Absoluto na terceira janela – Momentum Absoluto na quarta janela.
Primeira Janela (Início do ano até meados de fevereiro):
Tivemos um cenário positivo de fluxo com entrada de estrangeiros e alívio do risco.
Resultado: o mercado como um todo subiu, e diversos ativos performaram muito bem — especialmente os de maior beta e sensíveis ao fluxo.
Segunda Janela (Meados de fevereiro até meados de março):
A primeira correção relevante. Com alguns ativos esticados, foi natural que acompanhassem a realização.
Aqui é onde a performance relativa começa a se destacar: mesmo em correção, ativos com bom momentum caem menos — e isso já os diferencia dos demais.
Terceira Janela (Meados de março até final do mês):
Novo alívio de risco, nova pernada de alta.
Os ativos que tinham subido bem na primeira janela e corrigido pouco na segunda, continuaram firmes — entregando performances superiores.
Esse é o núcleo do conceito de momentum com performance relativa.
Quarta Janela (Final de março até hoje):
A correção mais forte do período, marcada por aversão a risco global.
Ainda assim, os ativos que passaram pelos filtros anteriores se mantêm sólidos.
Vários corrigiram, mas ainda mostram resiliência e mantêm momentum de curto prazo.
Esses ativos que passaram por todas as janelas com consistência têm maior probabilidade de continuar performando bem em uma eventual retomada.
Eles carregam tanto o momentum absoluto (força própria) quanto o relativo (frente ao mercado) — e são os nomes que merecem atenção.
Temos ativos no setor de consumo, financeiro e utilities que passaram por todos os filtros anteriores.
Outro ponto no processo de leitura de mercado é a Intermarket Analysis.
Não é apenas observar o gráfico do ativo ou para os fundamentos isolados, a Intermarket analisa como mercados diferentes se influenciam entre si: ações, juros, dólar, commodities, fluxos e até criptos.
Esse tipo de análise aumenta a probabilidade das operações: no longo prazo e, especialmente, no curto prazo.
Muito do risco imbutido no mercado nos últimos dias, o gatilho de correção da “quarta janela” do gráfico, está relacionado com o contexto de Intermarket Analysis.
Esse tema fica para um próximo texto, mas já adianto: também é essencial na análise.
Se gostaram, deixem um like e vamos debater o tema nos comentários.
Compartilho meus cenários de mercado no meu grupo free: link abaixo
Link: João Ascoli – Macro Trading
João Ascoli
Instagram: @joaoascolid
X: @joaoascolid
Muito bom João, tinha dúvidas sobre esse assunto. Esclarecidos.
Obrigado…
Valeu, Haack.
Estamos aqui para contribuir, vamos crescendo juntos.
Excelente
Super didático , não deixou dúvidas .
Valeu
Obgda
Obrigado, Maria.
Excelente João, eu também tinha duvidas sobre o assunto. Lendo seu texto as peças começaram a encaixar. Parabéns e obrigado por compartilhar. 😉
Aproveitando para uma duvida, estou usando o Tradingview para avaliar a performance relativa de alguns ativos e apurar a leitura, o que voce acha ? é uma boa ferramenta ou existe alguma outra técnica ?
Dá para utilizar o Trading View, só que precisar cuidar as variações.
Em breve faço um post da relação da análise técnica com esse tipo de análise de performance/momentum/fluxo.
Basicamente a análise do contexto me dá os ativos, a análise técnica o timing de entrada. Operando o contexto aumentam as chances de sucesso nos setups gráficos.
Excelente tema e maravilha de explicação. Valeu, Ascoli!
Tmj, Diogo
Que explicação didática e foda!
Bancos eu capturei 2 deles
Utilities tô de olho em 1
Consumo ainda me parece o mais volátil dos setores. Vou de mão pequena
Obrigado!
Boa João, ótimo artigo. Aprendendo o conceito e usando nas movimentações diárias e no intradia…
Tu é fera, TG.
Esse contexto ajuda no Trading longo, mas ajuda demais no intraday.
Semana que vem farei a versão intraday do post, tem alguns componentes diferentes.
Obrigado João, mais um conceito definido para a bagagem,
Tmj, Rodrigo
Top Joao, muito esclarecedor!
Obrigado!
Sempre aprendendo com quem sabe. As correlações sao um tema que tenho dado bastante atencao esse ano. E foi voce q me apresentou tb.
E agora, o conceito de performance relativa frente ao mercado vem tb para contribuir com a minha evolucao.
Valeu pelo texto Joao. Muito bom !
TMJ Guilherme,
Conta sempre comigo.
Boa João, tenho usado correlação entre o ibov e os papéis com mais liquidez em opções e tem me dado uma visão muito interessante. Muito de ouvir você falar sobre esse tema.
Semana que vem faço a versão “intraday”
Muito bom João, eu gosto muito de observar essa dinâmica no intraday, sempre dá bons ensejos para as operações.
Vou fazer a versão intraday, comentando com o indicador.