Esta publicação é para falar de uma estratégia de hedge por opções específica e que venho falando muito, o collar.
O conteúdo é um pequeno trecho adaptado da aula de proteção de carteira com opções da minha mentoria.
Primeiramente, é importante que o investidor, ou operador de mercado financeiro conheça não só a sua carteira, mas também compreenda o tamanho do risco que está disposto a aceitar.
Noto no meu cotidiano que muitos investidores são psicologicamente afetados com variações mensais negativas de 2% a 3%. Já outros, aceitam tranquilamente variações de 15% a 20% no seu patrimônio sem que isto lhe afete emocionalmente. Independente da quantia alocada por cada investidor, é fundamental pensar o quanto este valor é importante para ele.
Costumo dizer que quanto mais jovem for o indivíduo, maior é a predisposição dele a aceitar riscos de perdas financeiras. Um investidor de 25 anos, provavelmente terá mais tempo para conseguir se recuperar de perdas financeiras do que um investidor de 80 anos. Com isto, possivelmente o jovem não será tão afetado psicologicamente por perdas da mesma forma que um senhor aposentado.
Então, não sou eu que tenho que decidir sobre a sua tolerância a risco. Você já deve ter notado que muitas coisas no mercado financeiro são contingenciais e subjetivas. Praticamente não existe uma única forma de aplicar o conhecimento. Não é que nem um bolo, que você junta os ingredientes e está pronto. Se você for tentar aplicar fórmulas prontas, provavelmente terá resultados pífios ou até incorrerá em prejuízos.
Com o tempo você vai descobrindo o risco que está disposto a assumir e vai adaptando sua carteira a sua realidade.
Mas vamos parar de delongas e vamos para o que interessa…
Para introduzir o tema, apresento uma forma muito simples e efetiva de hedge, mas que tem um maior custo.
A partir deste exemplo, vamos balizar os outros.
Imagine que você é detentor de 1.000 ações da PETR4. O preço da ação hoje é R$ 25,00, ou seja, sua exposição total é de R$ 25.000,00. Você está preocupado com possíveis quedas no ativo e quer proteger sua operação com opções. Uma forma simples de proteção com opções, seria simplesmente comprar puts ATM – no dinheiro – de PETR4. Imagine que puts com vencimento em 30 dias e strike de R$ 25,00 esteja custando R$ 1,00.
Comprando estes contratos, você desembolsaria a quantia de R$ 1.000,00 para proteger toda a sua posição. Se por exemplo, a ação cair para R$ 20,00, sua PUT terá o valor intrínseco de R$ 5,00 e sua posição está mantida por R$ 25,00, pois você terá o direito de vender ela pelo valor unitário de R$ 5,00. Se a ação ficar acima de R$ 25,00 na data do vencimento, nada acontece e o seu direito de vender PETR4 a R$ 25,00 é extinto, mas como você desembolsou R$ 1,00, você terá aumentado seu custo por ação em R$ 1,00. Este valor não retorna para você.
É como se fosse realmente um seguro de carro. Se nenhum sinistro acontece no período da contratação do seguro, aquele seguro perde o efeito.
Talvez este seja o exemplo mais básico de hedge com opções. É efetivo, mas não é eficiente. Por isto, no mercado financeiro praticamente não usamos esta estratégia, pelo simples fato de ser muito custoso. Se você fizesse um seguro similar a este todo mês, ele iria corroer todo seu investimento no ativo em pouco tempo.
Lembrando que quanto maior a volatilidade implícita, maior vai ser o prêmio das opções.
Então Hégler, quais as estratégias realmente podem ser utilizadas em nosso cotidiano?
Uma estratégia que se mostra interessante para proteger a carteira ou uma ação específica de quedas mais bruscas, é a compra de puts OTM (fora do dinheiro) de ativos que você acredita que possam sofrer mais, ou até do BOVA11 (ETF que replica o desempenho do Ibovespa).
Contudo, continua-se tendo um custo alto para fazer isto com frequência, diminuindo a rentabilidade da sua carteira de investimento.
E como fazer para minimizar ou até neutralizar este custo?
Lembram da conteúdo de venda coberta? Podemos vender calls OTM (fora do dinheiro) de papéis que temos na nossa carteira de investimentos (coberta) para rentabilizá-la. Você pode utilizar todo, ou parte do valor captado para comprar puts, ou montar travas de débito com puts para proteção.
Caso a estratégia seja a de vender calls coberto para comprar puts no mesmo ativo e na mesma quantidade da que você vendeu as calls, chamamos a operação de COLLAR.
Simplesmente seria usar o valor arrecadado no lançamento das calls para comprar a mesma quantidade de puts. Ficando assim com ganho na ação limitado e perdas também limitadas, por um certo período de tempo, ou seja, o vencimento das opções. Quanto a limitação dos seus ganhos, depende do strike da venda coberta que você fez.
De todo modo, considero que se caso o stike da posição vendida de forma coberta e seu breakeven atingido, a rolagem da posição para strikes semelhantes é o que se mostra mais eficaz. O mercado move-se em ondas e nestes momentos você pode inclusive ganhar mais dinheiro do que alguém que não tivesse feito a venda coberta.
A rolagem é um outro assunto, mas o investidor deve se usar disto para realmente não deixar dinheiro na “mesa” e ter retornos maiores.
Vamos a um exemplo pratico de um Collar:
Notem que no gráfico abaixo, o investidor é detentor das ações de PETR4. Ao mesmo tempo que o investidor vende a mesma quantidade de CALLS com delta entre 0.20 e 0.30 (PETRB371), ele compra PUTS com delta de -0.20 e -0.30 (PETRN241).
Muito bom!
Esta aula de Collar é essencial no curso do HEGLER, e por muitas vezes negligenciada. Por muitas vezes, acabamos por entender as estratégias com opções por trades com opções, e isto, de certa maneira, tira a possibilidade de rentabilizar a carteira e aumentar os dividendos mensais que poderiam ser obtidos por uma carteira com manejo ativo sobre venda coberta em calls ou proteções com puts.