Pilares conceituais do trade.

Muitas coisas na vida têm como base três pilares, e o trade não é diferente disso.

Se eu fosse explicar à alguém  sobre trade ou fosse ministrar um curso ou mentoria, iria me basear em três pilares, COMPORTAMENTAL, GERENCIAMENTO DE RISCO e TÉCNICA.

Iria começar pelo COMPORTAMENTAL pois sem ele tudo é caos, depois o gerenciamento de risco pois sem ele não há sobrevivência e mais cedo ou tarde toda a estrutura desmorona, e por fim a TÉCNICA que é como fazer, a maioria inicia pela técnica e muitos operadores acham que é só ela que resolve o problema, quando definitivamente não é.

Você pode ser muito bom tecnicamente, mas se os outros dois pilares anteriores não estiverem sólidos, o terceiro não vai sustentar toda a estrutura, então vamos detalhar melhor cada pilar.

1 Primeiro pilar: COMPORTAMENTAL

Se refere a sua postura perante o mercado, ele tem muitas camadas dentro deste pilar porem vou focar nas principais.

• FOCO – neste fundamento menos é mais, abrir no dia menos operações te torna mais seletivo a qualidade da operação, menos operações simultâneas abertas te trás mais controle e qualidade na condução das oportunidades que você conseguir ver e pegar, outras 5 podem ter passado e não tem problema nenhum, abrir 5 operações simultaneamente é como acelerar um carro na via, quanto mais velocidade, maior a chance de causar um acidente e também a gravidade desse acidente. Tente manter no máximo duas operações abertas simultaneamente, o resultado financeiro tende a ser melhor.
• CLAREZA – Você não é obrigado a abrir uma operação todos os dias, se o mercado não estiver claro para você, não opere, se você não conseguiu definir uma entrada com stop e alvos definidos, não opere.
• PLANO DE TRADE – monte um plano  antes de abrir o trade e siga o plano após abrir o trade.
• VIÉS – É quase impossível não ter um viés de compra, venda ou lateralidade, mas não s e prenda demasiadamente nele, tente sempre olhar dos dois lados, como o vendedor vê o mercado e como o comprador vê o mesmo mercado.
• SENTIMENTO – Não se exponha quando estiver com medo, euforia, raiva, tristeza, ou qualquer sentimento que te tire do “ponto zero”, um estado em que você esta calmo para poder se concentrar no que vai fazer, estar presente naquele momento sem se preocupar com o passado ou ficar ansioso com o futuro.
• FREQUÊNCIA – Não tente abrir muitas operações no dia, isso faz parte do FOCO como falamos inicialmente e nem tente operar o dia todo, você não vai manter o mesmo foco e intensidade o tempo todo.
• OPERE POUCOS ATIVOS – conheça bem o ativo que vai operar, observe a volatilidade, o fluxo, como ele se comporta, os ciclos que ele respeita, as variáveis que ele é sensível como commodities, juros, dólar, sazonalidade do ano, players mais ativos, cada ativo tem suas características.

2 Segundo pilar: GERENCIAMENTO DE RISCO

Sem ele é questão de tempo tudo virar pó e você voltar ao início.

• NIVEL DE EXPOSIÇÂO: quanto de seu capital está exposto ao risco? Eu gosto da proposta do autor TALEB que propõe a estratégia Barbell, (livro A lógica do cisne negro) onde ele busca colocar 80% do seu patrimônio em estrutura extremante estável como tesouro nacional por exemplo, e 20% em ativos de alto risco como opções, isso seria o gerenciamento de exposição da carteira. Dentro da exposição de risco o ideal seria não se expor em cada trade mais de 4-6% do montante disponível para carteira de risco, isso possibilita uma sobrevivência maior da carteira de risco, visto que o operador precisa erra consecutivamente de 15 a 25 vezes para quebrar a conta de risco. Nos momentos de bonança você vai realocar lucros na conta de segurança e rebalancear sua estrutura Barbell tornando a carteira maior tanto na parte segura quanto na parte de alto risco.
• STOP LOSS – O stop loss é o ponto em que sua visão para o trade passa a não ter mais sentido, colocar o stop loss um centavo abaixo de um fundo te protege parcialmente do ruido do mercado, mas é comum o mercado vir capturar os stops antes de fazer um movimento mais relevante (swipe de liquidez), então tente identificar o local técnico do stop e deixar uma gordura para evitar o “efeito violino”, é preciso observar também o range que esse ativo está trabalhando o ruido, onde  o diferenciar oque é movimento de tendencia de aleatoriedade da execução do mercado, um stop demasiadamente curto não faz nenhum sentido.
• RISCO/RETORNO – uma  vez definido o stop loss, agora podemos definir o alvo técnico, ou seja, até onde esse trade pode ir de forma razoável sem grandes resistências, ao dividir a expectativa de ganho pelo stop definido essa proporção precisa ser minimamente de 2:1 sendo 3:1 bom, 4:1 ótimo e 5:1 excelente, acima disso é possível porem não é o comum, assim como colocar um stop loss curtíssimo é ilusão, colocar um alvo muito longo também é. Neste ponto o terceiro pilar vai ajudar muito e fazer total diferença.
• EFICÁCIA – quanto melhor o risco/retorno menos exige-se que a eficácia seja alta, se eu acertar 3 trades com retorno de 3:1 e errar 7 trades com o mesmo risco, ainda assim saio positivo no final dos 10 trades, isso é muito poderoso e pode ser decisivo no seu resultado financeiro no final do mês, observe muito bem este ponto.

3 Terceiro pilar: TÉCNICA 

Tenha uma boa técnica definida, analise técnica, SMC, price action, fluxo, dados quantitativos, todas essas são ferramentas que auxiliam na tomada de decisão e definição de pontos de stop, entrada e alvos assim como condução.

• BASE – tenha uma técnica base bem solida em alguma das técnicas acima citadas e aos poucos incremente outras ferramentas que vão complementar sua visão, nenhuma delas é o “santo graal” mas vão te ajudar muito a compor o terceiro pilar, que como já citado antes não sustenta o trader sem os outros dois estarem firmes antes.
• TENDÊNCIA/VOLATILIDADE – Saiba identificar em qual momento o mercado está, é uma tendência forte? É um momento de volatilidade e consolidação? Essa consolidação é de acumulação ou distribuição? Saiba identificar esses momentos.
• PREÇO MÉDIO – assunto polêmico, e perigoso, o preço médio só é indicado quando é programado, então você antes de iniciar a montagem de posição tem definido a região que vai fazer as entradas e a região do stop, assim como o tamanho máximo financeiro do stop que esta alinhado com a região de stop técnico. Não fazer isso de forma correta coloca em risco todos os outros pilares e tudo que falamos até agora.
• STOP PARCIAL – o stop parcial é quando você alivia a mão reduzindo sua entrada realizando prejuízo e diminuindo sua exposição enquanto o trade vem contra você, isso pode ser feito quando alguma das variáveis que te fez entrar acaba mudando pelo menos temporariamente e em outro momento você pode repor em uma posição melhor ou com cenário mais calmo e favorável a sua tese, isso permite evitar violinos e após o ruido passar e a tendencia voltar a  atuar zerar suas perdas e ter algum ganho até mesmo se o trade não ter evoluído como você imaginava mas também não se desmontou a tese completamente.
• PIRAMIDAÇÂO ou ADIÇÂO DE POSIÇÃO – ocorre quando o trade vai a seu favor mas ainda não atingiu os alvos e cada vez mais se torna claro a tendencia ou fatos que reforcem sua tese, você aumenta a posição em pontos estratégicos tendo seu médio alterado para mais próximo do breakeven que é seu ponto de equilíbrio financeiro no trade, porem aumenta o resultado financeiro ao atingir o alvo.
• PARCIAIS – Não faça parciais para se sentir confortável, lembre que o risco/retorno já existe para isso, aceite o risco tomado e não destrua o payoff em troca de conforto e segurança onde não existe. Elas só devem ser feitas em possíveis alvos com o objetivo de diminuir o risco de devolver parte do lucro.
• GIRO – deixei esse assunto para o final propositalmente, esse é o ultimo recurso que um trader deve tentar desenvolver, pois sem todos os demais citados antes o risco de dias de fúria, quebra do gerenciamento de risco, perda de payoff e risco/retorno é alto, existe momentos em que o preço tende a estar consolidado em um range aguardando um dado do mercado ou  mesmo testando uma região de  alta demanda, neste curto intervalo saiba que é possível fazer um giro e melhorar sua entrada ou preço médio, mas volto a reforçar que este é um recurso para o trader já experiente que tem os demais itens acima bem consistentes, o giro no momento errado pode te provocar um stop antecipado ou arrebentar seu médio ao invés de melhorar, mas com o entendimento gráfico e de fluxo é possível fazer.
• Não vou me alongar neste pilar entrando em técnicas mais especificas pois entendo que no clube já tem bastante material sobre este pilar e o foco deste artigo é mais conceitual.