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Três novos cenários

Os mercados, na maioria das vezes, são movidos por cenários. Desde o dia 2 de abril, temos narrativas e volatilidade movendo os preços.

Lembram do texto da semana passada, aquele dos três cenários?

Então, o cenário 3, de risco e volatilidade, se concretizou. Não é apenas volatilidade nos preços; o contexto das narrativas também está muito volátil.

Agora temos três novos cenários.

Na teoria do caos, temos o conceito do butterfly effect: determinadas ações, quando realizadas em sistemas complexos, geram efeitos em cadeia com consequências desproporcionais e imprevisíveis.

ISSO É O QUE ESTÁ ACONTECENDO NO MUNDO.

A decisão americana foi o bater de asas que agitou o tabuleiro global. A China está escalando o conflito por meio de retaliações, enquanto a União Europeia segue o mesmo caminho, sinalizando tarifas sobre bens de consumo americanos. Essas respostas amplificam as tensões, reverberando nas cadeias de suprimentos globais e no mercado financeiro.

As commodities, especialmente o petróleo, despencaram, pressionadas por uma menor demanda esperada e maior oferta da OPEP. A decisão da OPEP foi mais uma surpresa para o mercado, que não esperava esse movimento. As commodities – talvez – sejam a classe de ativo que está mais no “olho do furacão”: todas, absolutamente todas, notícias e narrativas afetam o cenário de oferta e demanda delas.

O pregão de sexta-feira foi um “risk-off” global. Bolsas caindo ao redor do mundo, métricas de risco subindo e moedas fortes recebendo fluxo. Nesse cenário todo, tivemos uma curiosidade: o ouro. Famoso pela proteção em cenários de crise, também acabou sofrendo. 

A liquidação de posições e as chamadas de margem foram tão altas que acabaram afetando o próprio ouro.

Como citei antes, temos novos cenários: o primeiro, muito difícil; o segundo é possível, embora pouco provável agora; e, finalmente, o terceiro.

O primeiro cenário, o menos provável, é uma trégua partindo dos Estados Unidos, principalmente do presidente Trump. Nesse caso, as pressões internas de empresas afetadas, assim como da própria população, fariam o governo alterar o rumo. Não vejo essa possibilidade, já que a retórica das tarifas está muito presente no governo.

O segundo cenário é possível, mas pouco provável na situação atual. Ele seria algo parecido com o que aconteceu na primeira “Trade War”: uma trégua negociada. Lá atrás, quando isso aconteceu, também levou tempo. A escalada de tensões durou meses até que ambos os lados decidissem negociar acordos. Vale lembrar que as tensões começaram há poucos dias.

O terceiro cenário é o que está acontecendo: escalada de tensões, retaliações e uma briga de retóricas. Mesmo dentro desse cenário, podemos ter alívio temporário da situação, mas sem um desfecho concreto. A volatilidade vai continuar. Esse é meu cenário base para os próximos meses, ou até que exista uma mudança de fatores.

O parâmetro para os próximos dias é o risco. 

Estamos em um contexto onde a volatilidade subiu e diversas posições precisam ser ajustadas ou zeradas, e isso impacta demais os preços. O cenário macro continua turbulento, onde todas as posições estão extremamente sensíveis ao risco e notícias. 

Qualquer novo anúncio “faz preço”.

Seguimos acompanhando esse butterfly effect

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João Ascoli
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Escrito por João Ascoli

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