Análise: Riscos Geopolíticos e Previsão de Superávit Ditam o Mercado de Petróleo
Dois relatórios recentes de grandes instituições financeiras, Goldman Sachs e Morgan Stanley, trazem uma análise aprofundada sobre o mercado de petróleo em outubro de 2024. Ambos concordam que os preços do petróleo estão sendo fortemente influenciados por fatores geopolíticos, mas divergem quanto às previsões de médio e longo prazo para o mercado.
Goldman Sachs: Volatilidade e Impactos Geopolíticos Imediatos
Em seu relatório de 8 de outubro de 2024, o Goldman Sachs destaca a volatilidade dos preços do petróleo Brent, que recuaram recentemente para US$ 77 por barril, após terem subido devido às tensões geopolíticas no Oriente Médio. O banco alerta que, se houver interrupções significativas na produção iraniana, os preços podem subir entre US$ 10 e US$ 20 por barril.
Apesar dos riscos elevados, o Goldman Sachs acredita que, na ausência de grandes interrupções, os preços devem estabilizar em torno de US$ 77/barril no curto prazo. A análise também aponta para uma leve recuperação na produção russa e queda nas exportações de petróleo iraniano, embora os dados de exportação sejam voláteis e sujeitos a revisões.
O relatório observa que a demanda global por petróleo, especialmente nos países da OCDE, tem aumentado, o que tem pressionado ainda mais os estoques e o frete de petroleiros, que subiu 31% na última semana.
Morgan Stanley: Superávit em 2025 e Queda nos Preços
Já a análise da Morgan Stanley, também de 8 de outubro de 2024, olha mais à frente, projetando um superávit de 1,3 milhões de barris por dia em 2025, o que deve impactar os preços do Brent. A instituição prevê que, sem uma interrupção significativa no fornecimento de petróleo, o mercado verá um excesso de oferta no próximo ano, pressionando os preços para baixo, com o Brent caindo para US$ 70/barril no segundo semestre de 2025.
A Morgan Stanley destaca que a demanda global por petróleo tem sido mais fraca do que o esperado, enquanto a oferta, especialmente de produtores como os Estados Unidos e a Rússia, permanece forte. Mesmo que os riscos geopolíticos sustentem os preços no curto prazo, a perspectiva de um superávit substancial pesa nas previsões de longo prazo.
O banco também sugere que a capacidade ociosa da OPEP+, que atualmente está em torno de 5-6 milhões de barris por dia, pode ser usada para equilibrar o mercado, evitando grandes aumentos nos preços, caso ocorram interrupções temporárias na oferta.
Comparação de Perspectivas
Enquanto o Goldman Sachs se concentra nos riscos de curto prazo, principalmente ligados à volatilidade geopolítica no Oriente Médio, a Morgan Stanley foca no desequilíbrio de longo prazo entre oferta e demanda, projetando um superávit para 2025.
- Previsão de Preços: O Goldman Sachs prevê uma estabilização dos preços do Brent em torno de US$ 77/barril no curto prazo. Em contraste, a Morgan Stanley projeta uma queda para US$ 70/barril no segundo semestre de 2025.
- Oferta e Demanda: O Goldman Sachs destaca a volatilidade nas exportações iranianas e uma leve recuperação da produção russa. Já a Morgan Stanley aponta para um superávit crescente em 2025, com a demanda global sendo revisada para baixo.
- Geopolítica: Ambos os relatórios concordam que os riscos geopolíticos são um fator crítico, mas o Goldman Sachs vê isso como um elemento imediato que pode elevar os preços, enquanto a Morgan Stanley sugere que, mesmo com tensões geopolíticas, o excesso de oferta deverá prevalecer em 2025.
Essa análise revela que o mercado de petróleo está sendo moldado por forças geopolíticas e econômicas complexas, com expectativas divergentes sobre o futuro dos preços, mas ambas as instituições concordam que o equilíbrio entre oferta e demanda será o fator decisivo nos próximos anos.
O artigo acima foi baseado em dois relatórios distintos, um do Goldman Sachs e outro do Morgan Stanley, ambos disponíveis para download abaixo. O relatório foi compartilhado pelo sócio da Investfy, Daniel Lindoso.
Excelentes relatórios, ótimos pontos de vista.