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Marcopolo – Há alguns percalços pelo caminho.

Olá Sócios Investfy! Tudo bem? Hoje vamos atualizar nossa visão sobre a Marcopolo, com base nos resultados do 3T25 e na teleconferência de resultados.

1 – Como a empresa ganha dinheiro?

A Marcopolo atua na produção de carrocerias de ônibus, com receita distribuída entre os segmentos:

  • Rodoviário: ônibus pesados para transporte intermunicipal e internacional.
  • Urbano: voltado ao transporte público nas cidades.
  • Micros: veículos menores para linhas urbanas de baixa demanda, fretamento e turismo.
  • Volare : unidade que vende o veículo completo (carroceria + chassi).

No 3T25, a receita líquida foi de R$ 2,5 bilhões, com destaque para o mercado externo, que representou cerca de 50% da receita total, evidenciando a crescente internacionalização da companhia.

2 – Alguns números importantes.

A Marcopolo a única encarroçadora listada na B3, uma sobrevivente em um setor difícil. Ainda assim, os números impressionam:

  • Lucro líquido: R$ 329,6 milhões no 3T25.
  • ROIC: 25%.
  • Margem bruta: 26,7% (recorde histórico).
  • Endividamento industrial: apenas R$ 69,5 milhões, com dívida líquida praticamente zerada. 

A empresa segue com baixa alavancagem e forte geração de caixa (R$ 380 milhões no trimestre).

3 – Perspectivas e gatilhos futuros

A empresa está posicionada para continuar entregando bons resultados, com os seguintes gatilhos:

  • Expansão internacional: crescimento expressivo nas operações da África do Sul, Argentina e Austrália. A empresa lançou a família G8 na Austrália e prepara entrada no mercado europeu com entregas previstas para o 4T26 e início de 2027. 
  • Eficiência operacional: ganhos de produtividade e alavancagem operacional sustentam margens elevadas.
  • Segmento urbano: entregas recordes de ônibus elétricos e articulados reforçam a retomada do segmento no Brasil.
  • Programa Caminho da Escola: nova licitação esperada para o 4T25, com entregas previstas para 2026. 
  • Renovação de frota: envelhecimento da frota brasileira e incentivos governamentais podem impulsionar demanda.

4 – Ameaças e riscos

  • Mercado interno desaquecido: altas taxas de juros continuam freando investimentos em renovação de frota, e neste mês de setembro vimos uma retração no volume mensal em relação ao mesmo período do ano anterior.
  • Instabilidade internacional: incertezas políticas na Argentina e tarifas no México podem afetar volumes. A empresa já informou no call de resultados que houve um soluço após as eleições na provincia de Buenos Aires, onde naquele momento o partido do atual presidente Millei saiu derrotado.
  • Coligada NFI: impairment relevante e recall de baterias impactaram negativamente o resultado da equivalência patrimonial.

5 – Estimativas e evolução dos fundamentos

Apesar da queda de receita no Brasil (-15,2% YoY), o crescimento nas exportações (+43%) e nas operações internacionais (+51%) compensou o cenário doméstico. O lucro líquido se manteve estável e a margem bruta atingiu patamar recorde.

6 – Conclusão e opinião pessoal

A Marcopolo é uma empresa sólida, com boa rentabilidade, baixa alavancagem e forte presença internacional. A empresa está bem posicionada para capturar oportunidades em mercados externos e segmentos urbanos no Brasil. Os próximos meses apresentam desafios de sazonalidade, juros altos e incerteza devido ao período eleitoral, porém segue sendo um bom case para o longo prazo.

Nos ultimos 10 anos, poucas vezes a empresa negociou abaixo de 7x PE ( preço sobre lucro). Com a perspectiva de 1S2026 mais fraco, poderemos ver novamente a empresa negociando em patamares bem interessantes. 

Observo atentamente pois acredito que teremos boas oportunidades de montar posição nos próximos meses.

Dada a qualidade do negócio e sua capacidade comprovada de passar por turbulências, acredito que o momento atual seja apenas uma brisa mais forte.

Forte Abraço.

Rodrigo Silveira

Contribuidor

Escrito por Rodrigo Silveira

Executivo com mais de 20 anos de experiência profissional nos segmentos de Tecnologia, Automotivo, e Alimentício em empresas como BMW, Amazon, Nestlé e Microsoft. Engenheiro Mecânico com MBA em gestão de Negócios e Value Investing, invisto em ações desde 2016 com viés fundamentalista e buscando assimetrias de longo prazo.

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