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Vivara: O Brilho que Vai Além das Joias

Olá Clube Investfy!

Hoje vamos falar sobre Vivara, a maior rede de joalherias do Brasil e da América Latina, com 474 pontos de venda (266 lojas Vivara, 197 lojas Life e 11 quiosques ao final do 3T25).

A Vivara gera valor operando integradamente na cadeia de joias: design, produção e venda de joias, relógios e acessórios de luxo. O grupo detém a marca tradicional Vivara (joias finas em metais preciosos, com alto valor agregado) e a marca Life by Vivara (joias mais acessíveis e colecionáveis, em prata e materiais alternativos, voltadas ao público jovem).

1. Como a Vivara Ganha Dinheiro (Modelo de Negócio):

Essencialmente, a receita vem da venda de (i) produtos de joalheria (anéis, colares, brincos, pulseiras), (ii) itens da linha Life (charms, pulseiras, acessórios personalizáveis) e (iii) relógios, tanto em lojas físicas quanto no comércio eletrônico e está dividida da seguinte forma:

  • Vivara: 66,1%
  • Life by Vivara: 30,9%
  • Outras categorias (relógios, acessórios, serviços): 3,0%

2. Governança, um ponto que requer constante atenção:

Nos últimos 18 meses, a Vivara passou por mudanças significativas na alta administração, resultando em uma estrutura de governança mais profissional e alinhada aos interesses de acionistas minoritários.

  • Reorganização de março/2024: O fundador e principal acionista, Nelson Kaufman, reassumiu o cargo de CEO após mais de dez anos afastado da função, mas renunciou ao posto dez dias depois diante da forte reação negativa do mercado – as ações caíram ~18% em uma semana devido a preocupações com a governança e possíveis mudanças de foco estratégico. Nelson se tornou presidente do Conselho Admnistrativo.
  • Transição de comando em nov/2024: Após cerca de oito meses, em novembro de 2024, Otavio Lyra renunciou ao cargo de CEO da Vivara. Em seu lugar, o Conselho elegeu o então diretor de operações (COO), Icaro Borrello, para o posto de diretor-presidente
  • Sucessão no Conselho em jul/2025: O fundador Nelson Kaufman renunciou ao cargo de chairman e à posição de conselheiro, citando razões de saúde, e permaneceu apenas como acionista majoritário. Em seu lugar, assumiu a presidência do Conselho a Sra. Marina Kaufman Bueno Netto, sua filha e vice-presidente da Vivara. No mesmo ato, o Conselho elegeu Paulo Kruglensky – executivo com 17 anos de experiência como Diretor (COO e CEO) na Vivara – como novo vice-presidente do Conselho.

3- Alguns números da Vivara:

No terceiro trimestre de 2025 a Vivara apresentou desempenho financeiro notável, combinando crescimento de dois dígitos nas vendas com expansão de margens.

4- Comparação com os pares:

Como a Vivara é a única empresa de joias listada na bolsa brasileira, torna-se necessário adotar uma perspectiva mais ampla para estabelecer comparações relevantes com outras companhias do mercado.

Na tabela abaixo, incluí duas empresas do setor de vestuário voltadas majoritariamente ao público feminino (LREN e AZZA3), que de certa forma competem pela mesma base consumidora da Vivara. Adicionei também a joalheria Pandora, que possui atuação internacional.

Observa-se que, embora a Vivara negocie a múltiplos superiores aos das varejistas de vestuário, a empresa também apresenta maior rentabilidade e crescimento anual de lucros (YoY). Já na comparação com a Pandora, a Vivara é negociada com desconto no múltiplo Preço/Lucro, mesmo exibindo crescimento positivo de lucros (YoY).

5- Expansão com rentabilidade é nome do jogo:

A empresa segue com a expansão do parque de lojas, e após um 2025 mais conservador em novas inaugurações (apenas 17 lojas até setembro, versus 45 no mesmo período de 2024), a empresa planeja acelerar a abertura de unidades em 2026, com foco especial na bandeira Life. Essa iniciativa deve impulsionar as vendas, ampliando a presença em mercados ainda não atendidos ou pouco penetrados.

6- Análise Gráfica:

Quando analisamos o gráfico mensal, o qual vejo com maior correlação com os fundamentos de longo prazo, vemos que o preço atingiu o ATH após longo inverno, refletindo a melhora na governança da empresa e estratégia de crescimento sustentado com resultados sólidos.

7- Linha do tempo dos próximos 12 meses e riscos para a tese:

Linha do tempo

  • 4T25: Black Friday e Natal (forte geração de caixa esperada)
  • 1T26: Continuidade da otimização de estoque (derretimento de peças, menor compra de ouro)
  • 2026: Aceleração da expansão de lojas Life e reforço omnichannel
  • Digital: Consolidação do app, CRM e vendas consultivas (Personal Shopper)
  • Produto: Novos lançamentos Life e Vivara, parceria Disney ampliada
  • Estrutura: Benefícios fiscais do CD ES atingindo potencial máximo

Riscos

  • Pressão de custos (ouro/prata)
  • Concorrência crescente no segmento Life
  • Dependência de sazonalidade (Black Friday/Natal)
  • Ciclo econômico brasileiro

Conclusão:

A Vivara reúne características de uma empresa de excelência operacional com DNA de criação de valor. Seus resultados do 3T25 confirmam a força da marca e do modelo de negócio, com crescimento consistente e rentabilidade recorde.

No entanto, é importante destacar um risco relevante: o aumento expressivo nos preços das commodities de ouro e prata, principais matérias-primas da Vivara. Como joalheria verticalizada, a empresa depende diretamente desses insumos para sua produção. Movimentos acentuados de alta nos preços do ouro e da prata podem pressionar os custos de produção e comprometer as margens, especialmente se a empresa não conseguir repassar esses aumentos ao consumidor final.

Até o momento a empresa tem adotado estratégias táticas para mitigar esse risco, como a antecipação de compras e o estoque estratégico de metais preciosos, trata-se de um fator externo que exige atenção contínua e pode impactar a rentabilidade em cenários de alta volatilidade.

Gosto muito da tese da empresa.

Contribuidor

Escrito por Rodrigo Silveira

Executivo com mais de 20 anos de experiência profissional nos segmentos de Tecnologia, Automotivo, e Alimentício em empresas como BMW, Amazon, Nestlé e Microsoft. Engenheiro Mecânico com MBA em gestão de Negócios e Value Investing. Invisto em ações desde 2016 com viés fundamentalista e buscando assimetrias de longo prazo.

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